Líder do mercado de Criptomoeda na América Latina, Brasil, o "bom aluno" subestimado

O fundador da BlackRock, Larry Fink, acredita que o desenvolvimento da tokenização nos EUA deve aprender com o Brasil. Este é o maior mercado de criptomoedas da América Latina, com um fluxo de entrada em 2024 de cerca de 3.188 mil milhões de dólares, um crescimento de 109,9%, com stablecoins representando quase 60%, tornando-se o principal campo de experimentação de ativos digitais globalmente. Este artigo é uma reprodução de um texto da PANews, organizado, traduzido e redigido pela Dongqu.
(Atualização anterior: Os países do BRICS completaram a primeira “liquidação transfronteiriça CBDC bilateral sem dólar”, Hong Kong e Brasil realizaram uma prova de conceito comercial através da Chainlink)
(Complemento de contexto: O fundo de reserva de 1,4 milhão de dólares do Banco Central do Brasil foi hackeado! O roubo foi convertido em Bitcoin, com custo de hacker de apenas 2.760 dólares, sendo o fornecedor de serviços uma brecha)

Índice deste artigo

  • Principais players de criptomoedas na América Latina
  • Inflação, desvalorização e o “sistema paralelo de dólares”
  • Evolução do quadro regulatório no Brasil e “avançando”

Estamos atrasados. Recentemente, na cúpula do Wall Street Journal, Larry Fink, fundador da BlackRock, afirmou que o desenvolvimento da tokenização nos EUA precisa acompanhar o ritmo global para evitar ficar para trás, e que o líder nesse aspecto é o Brasil.

Essa resposta foi bastante surpreendente. Como uma das dez maiores economias do mundo, com uma localização geográfica única, o Brasil também está tentando estender seu sonho de grande potência para o mundo das criptomoedas.

Em dezembro, o mercado de capitais de São Paulo, a capital do Brasil, não faltava novidades sobre “ativos digitais”.

Em 4 de dezembro, a empresa listada na Nasdaq, DeFi Technologies, anunciou que sua subsidiária Valour foi autorizada a listar quatro fundos de produtos negociados em bolsa (ETPs) de ativos digitais na bolsa principal do Brasil, a B3. Os ativos incluem Bitcoin, Ethereum, XRP e Sui, sendo os produtos cotados em reais brasileiros, negociados por corretoras locais e no sistema de custódia. O CEO da DeFi Technologies, Johan Wattenström, afirmou que o Brasil “já se tornou um dos mercados de ativos digitais mais importantes e de crescimento mais rápido do mundo”.

Em 8 de dezembro, a renomada firma de venture capital em criptomoedas, Paradigm, anunciou um investimento de 13,5 milhões de dólares na Crown, uma empresa brasileira de stablecoins, marcando a primeira aposta do fundo, sediado em São Francisco, em uma startup brasileira.

A Crown lançou o BRLV, uma stablecoin atrelada 1:1 ao real brasileiro, apoiada por títulos do governo brasileiro. Após a rodada de financiamento, a avaliação da empresa é de cerca de 90 milhões de dólares, e o volume total de subscrições do BRLV ultrapassou 360 milhões de reais, sendo considerada por alguns veículos de mídia uma das maiores stablecoins de mercado emergente fora do dólar.

Estes eventos não são isolados. Na narrativa de capitais internacionais e provedores de infraestrutura, o Brasil deixou de ser apenas um “mercado emergente de alta taxa de juros” e está sendo visto como o principal campo de experimentação de ativos digitais na América Latina, um “estudante de destaque” subestimado.

Principais players de criptomoedas na América Latina

Atualmente, o Brasil é o maior mercado de criptomoedas da América Latina e um dos de crescimento mais acelerado no mundo. Segundo o “Relatório de Geografia das Criptomoedas 2025” da Chainalysis, em 2024, o valor de criptomoedas entrando no Brasil foi de cerca de 3,188 mil milhões de dólares, com uma taxa de crescimento trimestre a trimestre de 109,9%, representando quase um terço de toda a América Latina, e posicionando-se em quinto lugar no índice global de adoção de criptomoedas em 2025.

Na conferência de blockchain realizada no final de novembro no Brasil, o auditor da Receita Federal, Flavio Correa Prado, revelou que, de acordo com as regras atuais, o volume de negociações de criptomoedas reportado atingiu entre 6 e 8 mil milhões de dólares por mês. Ele afirmou que, se a tendência continuar, esse valor pode subir para 9 mil milhões de dólares mensais até 2030. A maior parte do volume vem de stablecoins como USDT e USDC.

Em termos de composição de ativos, a peculiaridade do mercado brasileiro é a preponderância absoluta das stablecoins. Uma análise da Fireblocks, uma empresa de custódia de tecnologia de criptomoedas, de abril deste ano, apontou que as stablecoins representam 59,8% das atividades relacionadas a criptomoedas no Brasil, muito acima da média global de 44,7%. Dados oficiais também indicam que, em discurso público, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, mencionou que cerca de 90% dos ativos criptográficos no país estão relacionados a stablecoins, incluindo pagamentos transfronteiriços e liquidações em exchanges.

Essa estrutura altamente dominada por stablecoins sugere que o Brasil é um mercado de criptomoedas com alto grau de “financiarização e conformidade”, e não apenas uma terra de especulação. No entanto, em termos de alocação de ativos, o Brasil foi um dos primeiros a adotar sistematicamente criptomoedas, incluindo produtos de criptografia na sua estrutura de mercado de capitais.

A B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), a única bolsa de valores do país, é o principal mercado de ações, títulos, futuros e ETFs. Desde 2021-2022, gestores como Hashdex, QR Asset lançaram vários ETFs de Bitcoin, Ethereum e índices de criptomoedas compostos na B3. Além disso, a regulamentação do Brasil aprovou, em setembro do ano passado, o primeiro ETF de um único ativo, Solana, listado na B3, uma audaciosa tentativa de liberar o ETF de Solana à vista antes dos EUA.

Até meados de 2025, mais de 20 ETFs com exposição total ou parcial a criptomoedas estarão disponíveis na B3, incluindo produtos de Bitcoin, Ethereum, DeFi, além de combinações de Bitcoin + ouro. O site oficial de educação da B3 descreve os ETFs de criptomoedas como “ferramentas práticas para obter exposição a ativos digitais em um ambiente regulamentado”, destacando que a custódia é realizada por entidades reguladas, cotados em reais e integrados ao sistema fiscal do país. Além disso, a B3 já lançou contratos futuros de Bitcoin e planeja expandir para Ethereum e Solana, oferecendo ferramentas de hedge e arbitragem para instituições e investidores de alto patrimônio.

Na camada de entrada de varejo, o Brasil também desenvolveu uma estrutura bastante completa de participantes. A exchange local Mercado Bitcoin oferece negociação, custódia e emissão de ativos tokenizados; o principal banco digital Nubank integrou um módulo de investimentos em criptomoedas em seu aplicativo móvel, totalizando cerca de 6,6 milhões de usuários de criptomoedas, sendo uma das maiores plataformas bancárias de criptomoedas do mundo; outro gigante, PicPay, possui mais de 60 milhões de usuários, com uma unidade de negócios dedicada a Crypto & Web3, atuando em negociação, stablecoins e contas globais.

Vale destacar que dados divulgados pelo Circle e Nubank mostram que, em 2024, o saldo de USDC mantido pelos clientes do Nubank cresceu 10 vezes, com aproximadamente 30% do portfólio de criptomoedas de seus clientes contendo USDC, e mais da metade dos novos usuários tendo USDC como seu primeiro ativo digital. Em 2025, a Nubank também introduziu um programa de recompensas com rendimento anual de 4% para usuários que mantêm USDC, integrando oficialmente o stablecoin ao conceito de gestão financeira bancária.

Inflação, desvalorização e o “sistema paralelo de dólares”

Em comparação com a Argentina, o Brasil, embora não seja um país com hiperinflação em pleno andamento, não oferece um ambiente macroeconômico amigável à confiança dos residentes.

Dados do Banco Mundial e do FMI indicam que, desde 2021, a inflação no Brasil ultrapassou várias vezes o limite superior da meta do banco central, voltando a subir no final de 2024 e até meados de 2025. Em agosto de 2025, o CPI teve uma alta de aproximadamente 5,1% em relação ao ano anterior, acima do limite superior de 4,5% da meta. Nos últimos dez anos, o real brasileiro sofreu múltiplas desvalorizações frente ao dólar: de cerca de 2 BRL/USD em 2013, até acima de 5 BRL/USD em 2020-2021. Embora tenha havido alguma recuperação nos últimos dois anos, ainda permanece bem abaixo do nível do início da década de 2010.

Para famílias de classe média e empresas, essa experiência de desvalorização cambial gradual criou uma prática de “dolarização” das poupanças. Muitas famílias optaram por depósitos em dólar, contas offshore ou stablecoins para fazer uma “fuga suave” de parte de seus ativos. As empresas, por sua vez, aumentaram a demanda por hedge, buscando unidades de valor mais estáveis além de seus ativos e passivos em moeda local. Além disso, o Brasil manteve por anos uma taxa básica de juros de dois dígitos, com uma taxa nominal elevada, embora a capacidade de compra real seja instável, criando um ambiente propício para inovações financeiras como “lucro na diferença” (carry trade).

A Chainalysis, em uma análise especializada sobre a América Latina, destacou que as stablecoins desempenham três funções principais na região: hedge de risco cambial, remessas internacionais/comércio e pagamentos eletrônicos. Assim, a demanda por stablecoins no Brasil é motivada principalmente por uma decisão racional de substituir contas offshore de dólar com USDT/USDC, dada a volatilidade cambial e as restrições de capital.

A infraestrutura de pagamentos digitais aprimorada também facilita o acesso dos residentes às stablecoins. O sistema de pagamento instantâneo Pix, liderado pelo Banco Central, é o principal canal para transferências diárias e consumo. Em 2024, a Circle integrou-se ao Pix, permitindo que usuários brasileiros convertessem livremente entre reais e USDC em poucos minutos via bancos locais. Empresas como TransFi combinam stablecoins com Pix para remessas internacionais, pagamentos de comércio eletrônico e liquidação de freelancers, automatizando a troca de moeda.

Evolução do quadro regulatório no Brasil e “avançando”

O rápido desenvolvimento do mercado de criptomoedas no Brasil, além das motivações internas de desvalorização cambial, deve-se também à aceitação e regulação por parte das autoridades. Revisando a trajetória regulatória do país na última década, ela não foi simplesmente de ausência a presença, mas de uma evolução de alertas de risco e restrições gerais para uma legislação sistemática e controle cambial.

Em 2014, quando as criptomoedas começaram a se consolidar como força emergente, o Banco Central do Brasil publicou um comunicado alertando sobre os riscos das “moedas virtuais”, deixando claro que elas não constituíam dinheiro eletrônico sob a legislação brasileira. Na época, afirmou que o impacto das criptomoedas no sistema financeiro do país ainda era limitado, mas que o Banco Central monitorava continuamente a situação.

Em 2017, durante o boom de ICOs, o Banco Central novamente publicou um aviso reforçando que as criptomoedas não eram reguladas pelo sistema financeiro nacional, não tinham garantia soberana, apresentando alta volatilidade e riscos de lavagem de dinheiro e atividades ilegais. No mesmo ano, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) publicou orientações sobre ICOs, alertando que alguns tokens poderiam ser considerados valores mobiliários sujeitos à sua regulamentação, além de esclarecer que fundos de investimento não poderiam possuir diretamente criptomoedas na época, pois ainda não estavam enquadrados na definição legal de ativos financeiros.

Nesse estágio, as autoridades não proibiram a posse ou uso de ativos de alto risco por indivíduos ou empresas, mas não reconheceram sua condição de ativos financeiros, nem permitiram que fundos regulados os alocassem diretamente.

Em 2019, o Brasil começou a incorporar as criptomoedas às regras fiscais e cambiais. A Receita Federal publicou orientações obrigando provedores de serviços de ativos virtuais, incluindo exchanges, a reportar informações de transações de usuários; residentes que realizarem transações em plataformas estrangeiras ou por meio de operações extrabancárias de certo volume também devem declarar e pagar imposto sobre ganhos.

No final de 2022, o Brasil saiu de um quadro legal fragmentado, aprovando a Lei Federal nº 14.478, conhecida como a “Lei das Criptomoedas”, que estabeleceu a categoria jurídica de “provedores de ativos virtuais” e delegou a órgãos reguladores, como o Banco Central e a CVM, a elaboração de regras específicas. Em 2023, o governo, por decreto, tornou as “atividades reguladas de ativos virtuais” parte do sistema de supervisão financeira, preparando o caminho para regulações mais detalhadas pelo Banco Central. Em uma análise de 2025, a Chainalysis destacou que isso consolidou a liderança do Brasil na América Latina na criação de uma “estrutura regulatória completa para criptomoedas”.

Este ano, a legislação brasileira sobre criptomoedas foi ainda mais detalhada, com o Banco Central emitindo várias resoluções, nº 519–521. Sob o novo regime cambial, stablecoins denominadas em moeda estrangeira ou real são consideradas representações digitais de direitos cambiais ou de moeda estrangeira. As instituições que oferecem câmbio, pagamentos transfronteiriços e liquidação de transações devem obter as licenças cambiais e de pagamento necessárias. Para pagamentos internacionais com criptomoedas, o governo discute propostas de tributação para evitar arbitragem regulatória com stablecoins.

Todo esse arcabouço não trata as stablecoins como “ferramentas ilegais de dolarização”, mas busca incorporá-las ao sistema cambial monitorável e tributável.

Em suma, a trajetória das criptomoedas no Brasil não é uma narrativa de “regulação repentina e explosiva”, mas uma construção contínua baseada em um longo histórico de inflação e volatilidade, em que residentes e empresas buscam mecanismos de hedge; com infraestrutura de fintechs como Pix, as criptomoedas naturalmente se integraram ao sistema de pagamentos e investimentos existentes; e, após anos de observação e restrições parciais, as autoridades optaram por regular por meio de impostos, leis de ativos virtuais e novas regras cambiais, inserindo esse mercado em uma trajetória controlada e visível.

A menção inicial ao investimento do Paradigm na Crown é apenas uma nota recente nesse processo. Nos próximos anos, com a implementação do Drex, mais stablecoins e projetos de tokenização de ativos, o Brasil provavelmente continuará sendo um exemplo de “integração profunda entre criptomoedas e finanças tradicionais”, fornecendo referências contínuas para regulações e práticas de mercado globais.

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Tags: tokenização criptomoedas Brasil América Latina stablecoins

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