Firedancer oficialmente lançado na Solana, com o objetivo de atingir 1 milhão de TPS

A rede Solana tornou-se mais robusta. Sexta-feira, a Solana Foundation anunciou que Firedancer – um cliente (de validação) desenvolvido ao longo de três anos – entrou oficialmente em operação.

Se amplamente adotado, Firedancer, liderado pelo Jump Crypto, ajudará a diversificar os clientes da Solana, reduzindo assim o risco de interrupções na rede devido a erros de software, sejam eles acidentais ou intencionais.

Este evento também coloca a Solana na lista restrita de blockchains que possuem múltiplos clientes realmente independentes em uso. Atualmente, o Ethereum possui cerca de quatro clientes de execução principais, enquanto o Bitcoin conta com várias versões diferentes, mas ainda centradas principalmente no Bitcoin Core.

Cliente de blockchain é o software que os validadores operam para se conectar e participar na rede, similar às browsers como Chrome ou Brave acessando a internet.

De acordo com o Jump Crypto, Firedancer operou em ambiente de produção em alguns validadores por aproximadamente 100 dias e foi oficialmente anunciado no evento Breakpoint em Abu Dhabi. Inicialmente, a equipe planejava lançar este cliente no segundo trimestre de 2024.

Reduzindo o risco de centralização de clientes

Por vários anos, o ecossistema Solana girou quase que exclusivamente em torno de dois clientes principais, ambos derivados do software original da Solana Labs. Esses clientes incluem o Agave, desenvolvido pela Anza (que se separou da Solana Labs), e o Agave-Jito, criado pela Jito Labs, que anteriormente representava mais de 95% do total de validadores na rede.

A versão Agave da Jito, otimizada para ordenação de transações MEV e mercado de taxas, chegou a representar mais de 90% do total de validações implantadas. Tanto o Agave quanto o Jito-Agave são escritos em Rust.

A Helius, uma empresa de P&D no ecossistema Solana, alertou anteriormente que depender quase exclusivamente de um único cliente é uma forma séria de centralização, pois um erro de software grave pode parar toda a rede.

O lançamento do Firedancer com uma base de código totalmente nova ajuda a reduzir significativamente esse risco para uma rede avaliada em bilhões de dólares. Além disso, o Firedancer é uma reescrita do cliente original desde o início, com várias melhorias importantes.

Rumo a 1 milhão de transações por segundo

O Jump Crypto começou a desenvolver o Firedancer em 2022 para superar as limitações de desempenho do cliente atual da Solana. O Firedancer é escrito em C, focado em explorar ao máximo o hardware moderno, levando a Solana mais perto de atingir a meta de processar 1 milhão de transações por segundo (TPS).

Ao contrário do Agave – que funciona como uma aplicação de bloco único – o Firedancer usa uma arquitetura modular em forma de “azulejo”, permitindo separar as tarefas do validador e executá-las em paralelo, aumentando assim a eficiência do processamento. O uso de C/C++ também possibilita maior controle do hardware em níveis inferiores, facilitando otimizações profundas de desempenho.

Na Breakpoint 2024, Kevin Bowers, Diretor de Ciência da Jump Trading Group, demonstrou a capacidade do Firedancer de processar mais de 1 milhão de TPS em hardware comum.

No início deste ano, um cliente híbrido chamado Frankendancer – que combina componentes do Agave e do Firedancer – foi lançado em versão beta. Este cliente rapidamente atingiu uma taxa de uso significativa, com mais de 26% dos validadores operando, o que demonstra o potencial de adoção do Firedancer no futuro.

Próximas atualizações da Solana

O Firedancer não é a única inovação que o Jump Crypto visa para a Solana. Em setembro passado, a equipe do Firedancer propôs o SIMD-0370, solicitando a remoção do limite atual de tamanho de bloco, permitindo que os blocos se expandam de forma flexível conforme a capacidade de processamento de validadores de alto desempenho.

A Solana comemora 5 anos desde seu lançamento em março deste ano. Paralelamente, os desenvolvedores estão se preparando para uma grande atualização de protocolo chamada Alpenglow, com o objetivo de reduzir o tempo de finalização de blocos para cerca de 150 milissegundos e reestruturar o mecanismo de consenso Proof-of-History exclusivo da Solana.