Por que brasileiros estão olhando para renda passiva em dólar?
O interesse de investidores brasileiros por fontes de receita em moeda estrangeira cresceu significativamente nos últimos anos. Com a persistência de incertezas econômicas domésticas, taxas de juros elevadas e volatilidade cambial recorrente, muitos decidiram buscar alternativas para dolarizar parte de seus rendimentos e construir um patrimônio em moeda forte.
Nesse cenário, os fundos negociados em bolsa que distribuem proventos mensais se apresentam como uma solução prática e acessível. Diferentemente de montar uma carteira individual de ações internacionais — o que exigiria capital e conhecimento técnico — esses instrumentos permitem exposição ao mercado norte-americano com custo reduzido e gestão automatizada.
Para o investidor brasileiro que deseja estabelecer um fluxo constante de entradas em dólar, compreender o funcionamento desses fundos e conhecer as principais opções disponíveis é o primeiro passo para estruturar uma estratégia sólida de longo prazo.
Como funcionam os ETFs que distribuem dividendos mensais
Os fundos negociados em bolsa focados em proventos reúnem uma seleção de ativos com histórico comprovado de distribuição regular de lucros. O grande diferencial está na frequência: esses fundos repassam dividendos todos os meses, garantindo um fluxo previsível de renda.
Em lugar de comprar diversas ações americanas individualmente — uma tarefa cara e trabalhosa — o investidor adquire cotas de um único fundo e acessa imediatamente uma carteira diversificada com pagamentos automatizados. Os rendimentos são depositados em dólares na conta da corretora e podem ser reinvestidos ou convertidos conforme o objetivo pessoal.
Esses fundos típicamente concentram empresas com fluxo de caixa robusto, setores defensivos (energia, telecomunicações, imóveis) ou ativos que priorizam retorno de lucros aos acionistas, como REITs. O resultado é uma fonte de renda que continua gerando receita mesmo em períodos de incerteza ou queda nos mercados — um atributo valioso para quem constrói patrimônio de forma gradual.
6 ETFs americanos para construir renda em dólar com pagamentos mensais
Abaixo estão seis dos fundos mais populares entre investidores que buscam transformar seus aportes em uma fonte consistente de receita mensal em moeda estrangeira.
1. Global X SuperDividend ETF (SDIV) — Diversificação global com alto rendimento
Se o interesse é garantir renda recorrente com exposição ampla a múltiplas regiões, o SDIV é uma opção relevante. Gerenciado pela Global X desde 2011, este fundo investe em ações de empresas com altíssimo índice de distribuição de lucros ao redor do globo, oferecendo pagamentos mensais estáveis há mais de uma década e meia.
O fundo replica o índice Solactive Global SuperDividend Index, que seleciona 100 ações internacionais com os maiores dividendos combinados com volatilidade moderada. A ponderação de cada ação é equilibrada de forma igualitária, evitando concentração em poucos emissores ou regiões específicas.
Indicadores principais (dezembro/2025)
Métrica
Resultado
Cotação (USD)
~US$ 24,15
Patrimônio sob gestão
US$ 1,06 bilhão
Taxa anual
0,58%
Rendimento anualizado
9,74%
Volume médio diário
≈ 337 mil cotas
Lançamento
08/06/2011
Frequência de distribuição
Mensal em dólares
Alocação geográfica e setorial
A carteira diversifica-se entre:
Setores: Financeiro (~28%), Energia, Imobiliário/REITs (~13%), além de utilidades e consumo
Regiões: Estados Unidos (~25%), Brasil (~15%), Hong Kong (~12%), Canadá, Reino Unido e mercados emergentes
Pontos a favor
Pagamentos mensais em dólar com previsibilidade de fluxo
Exposição geográfica abrangente que reduz dependência de uma única economia
Foco em companhias de alta rentabilidade por dividendo
Limitações
Maior risco de corte de proventos em empresas com fundamentos frágeis
Exposição significativa a setores cíclicos e mercados emergentes, mais voláteis
Taxa de administração superior a fundos passivos tradicionais
2. Global X SuperDividend U.S. ETF (DIV) — Foco exclusivo no mercado americano
Entre os fundos para renda em dólar focados apenas em ações dos Estados Unidos, o DIV destaca-se por propor um equilíbrio entre rendimento elevado e flutuação reduzida. Oferece uma abordagem estratégica para quem busca estabilidade sem comprometer o fluxo de caixa.
O fundo segue o índice Indxx SuperDividend U.S. Low Volatility, que identifica 50 ações americanas com os maiores índices de distribuição desde que apresentem flutuação histórica reduzida comparada ao S&P 500. Essa combinação visa assegurar receita constante mesmo em períodos turbulentos, privilegiando setores defensivos.
Indicadores principais (dezembro/2025)
Métrica
Resultado
Cotação (USD)
~US$ 17,79
Patrimônio sob gestão
US$ 624 milhões
Taxa anual
0,45%
Rendimento anualizado
7,30%
Volume médio diário
Cerca de 240 mil cotas
Lançamento
11/03/2013
Frequência de distribuição
Mensal em dólares
Composição setorial
O perfil é nitidamente defensivo:
Serviços públicos (utilities): ~21%
Imobiliário (REITs): ~19%
Energia: ~19%
Consumo básico: ~10%
Comunicações e saúde: restante
Essa configuração reduz exposição a setores de maior volatilidade como tecnologia ou varejo com crescimento acelerado.
Vantagens
Dividendos mensais em dólar com rendimento consistente acima de 7% ao ano
Exposição a setores historicamente resilientes em crises
Seleção com foco em flutuação reduzida
Desvantagens
Concentração setorial elevada pode prejudicar desempenho em momentos desfavoráveis a energia e utilidades
Limitado a apenas 50 ações, perdendo oportunidades de crescimento em outras companhias
Risco de “armadilhas de rendimento”: empresas com altos índices passam por deterioração e cortam proventos
3. Invesco S&P 500 High Dividend Low Volatility ETF (SPHD) — Equilíbrio entre renda e proteção
Para investidores que desejam renda associada a uma carteira mais estável, o SPHD oferece uma combinação interessante. Agrupa ações do S&P 500 que distribuem lucros elevados com flutuação histórica reduzida, criando um balanço entre geração de receita e proteção contra oscilações acentuadas.
Lançado em 2012, o fundo replica o índice S&P 500 Low Volatility High Dividend Index, selecionando 50 empresas do S&P 500 com os maiores índices de distribuição e menores variações de preço. A metodologia restringe exposição a setores específicos com um teto de 25% por setor, promovendo diversificação.
Indicadores principais (novembro/2025)
Métrica
Resultado
Cotação (USD)
~US$ 48,65
Patrimônio sob gestão
US$ 3,08 bilhões
Taxa anual
0,30%
Rendimento anualizado
~3,4% ao ano
Volume médio diário
~700 mil cotas
Lançamento
18/10/2012
Frequência de distribuição
Mensal em dólares
Estratégia e filosofia
O SPHD segue uma metodologia de smart beta, reavaliar sua composição semestralmente (janeiro e julho) para manter o equilíbrio desejado. A carteira inclui nomes como Pfizer, Verizon, Altria e Consolidated Edison — companhias maduras com fluxo de caixa previsível e histórico confiável de distribuição.
Vantagens
Estabilidade com renda: dividendos mensais aliados a volatilidade reduzida
Exposição a blue chips consolidadas com histórico sólido de pagamentos
Rebalanceamento semestral mantém a carteira atualizada
Desvantagens
Rendimento moderado (~3,4%), inferior a fundos focados exclusivamente em alto yield
Crescimento reduzido: ausência de ações de crescimento limita valorização
Quase metade do fundo exposto a três setores, risco setorial em deterioração macroeconômica
4. iShares Preferred and Income Securities ETF (PFF) — Ações preferenciais como alternativa
Entre os fundos que oferecem renda em dólar com pagamentos mensais, o PFF sobressai por investir em uma classe específica: ações preferenciais. Lançado em 2007 pela iShares (BlackRock), é referência para quem busca pagamentos regulares e estáveis com perfil mais defensivo que ações ordinárias.
As ações preferenciais ocupam posição intermediária entre títulos de patrimônio e dívida: distribuem proventos fixos regularmente (geralmente mensais) e apresentam volatilidade inferior a ações comuns, embora com sensibilidade maior a variações nas taxas de juros.
Indicadores principais (novembro/2025)
Métrica
Resultado
Cotação (USD)
~US$ 30,95
Patrimônio sob gestão
US$ 14,11 bilhões
Taxa anual
0,45%
Rendimento anualizado
~6,55% ao ano
Volume médio diário
~3,5 milhões de cotas
Lançamento
26/03/2007
Frequência de distribuição
Mensal em dólares
Composição e estratégia
O PFF replica o índice ICE Exchange-Listed Preferred & Hybrid Securities Index, reunindo mais de 450 ativos — predominantemente ações preferenciais emitidas por grandes instituições financeiras norte-americanas. Setores mais representativos:
Financeiro (bancos e seguradoras): +60%
Serviços públicos (utilities)
Energia e telecomunicações
A forte presença de bancos como JPMorgan, Bank of America e Wells Fargo reflete o fato dessas instituições emitirem ações preferenciais com frequência para captar capital de forma mais eficiente. A estratégia é passiva, com reequilíbrio periódico e diversificação ampla.
Vantagens
Renda mensal estável com yield acima de 6% ao ano, mesmo em alta volatilidade
Oscilação de preço reduzida: comportamento mais previsível que ações ordinárias
Diversificação robusta: mais de 400 emissões diluem risco individual
Desvantagens
Sensibilidade às taxas de juros: proventos fixos causam queda de valor de mercado em ciclos de alta
Baixo potencial de valorização: foco em renda, não em crescimento de capital
Concentração no setor financeiro: crise no segmento impactaria grande parte da carteira
5. Global X NASDAQ-100 Covered Call ETF (QYLD) — Estratégia de opções para renda elevada
Para quem procura renda em dólar com regularidade mensal e retorno acima da média, o QYLD é uma das opções mais conhecidas. Este fundo implementa uma estratégia baseada na venda coberta de opções sobre o índice Nasdaq-100, gerando dividendos mensais elevados em troca de limitar o potencial de valorização.
Indicadores principais (dezembro/2025)
Métrica
Resultado
Cotação (USD)
US$ 17,47
Patrimônio sob gestão
US$ 8,09 bilhões
Taxa anual
0,60%
Rendimento anualizado
13,17% ao ano
Volume médio diário
~7 milhões de cotas
Lançamento
11 de dezembro de 2013
Frequência de distribuição
Mensal em dólares
Mecânica de funcionamento
O QYLD segue o Cboe Nasdaq-100 BuyWrite Index, executando mensalmente uma estratégia de “covered call”: compra todas as ações do índice Nasdaq-100 e simultaneamente vende opções de compra sobre o próprio índice. Os prêmios gerados são distribuídos integralmente aos cotistas. Essa dinâmica transforma volatilidade do mercado em fluxo de caixa constante.
Exposição setorial
Por replicar o Nasdaq-100, é majoritariamente exposto a tecnologia e inovação:
Tecnologia da Informação: ~56%
Comunicações: ~15%
Consumo Discricionário: ~13%
Principais posições incluem Apple, Microsoft, NVIDIA, Amazon e Meta.
Vantagens
Rendimento mensal em dólar entre os mais altos: acima de 13% nos últimos 12 meses
Gestão automática de operações com opções pelo fundo
Menor volatilidade em mercados laterais: prêmios recebidos amortizam quedas
Desvantagens
Ganho de capital limitado: em períodos de forte alta do Nasdaq-100, o fundo não captura a valorização completa
Rendimento variável: depende da volatilidade do mercado; em calmaria, dividendos reduzem
Erosão potencial de capital: ao trocar valorização por renda, há risco de queda no valor da cota
6. JPMorgan Equity Premium Income ETF (JEPI) — Qualidade com derivativos estruturados
Entre os fundos mais populares para renda em dólar com dividendos mensais, o JEPI destaca-se como alternativa de alta rentabilidade e risco controlado. Lançado em 2020 pela JPMorgan, atraiu bilhões de dólares rapidamente por combinar ações de qualidade com derivativos que geram receita recorrente.
Indicadores principais (outubro/2025)
Métrica
Resultado
Cotação (USD)
~US$ 57,46
Patrimônio sob gestão
US$ 40 bilhões
Taxa anual
0,35%
Rendimento anualizado
~8,4% ao ano
Volume médio diário
~5 milhões de cotas
Lançamento
20 de maio de 2020
Frequência de distribuição
Mensal em dólares
Como funciona a estratégia
O JEPI combina duas abordagens para gerar receita com volatilidade controlada:
Seleção ativa de ações do S&P 500: Carteira com aproximadamente 100 a 150 títulos de valor e flutuação reduzida, priorizando setores defensivos como Saúde, Consumo Básico e Industrial.
Uso de instrumentos estruturados: São derivativos que replicam venda de opções tipo call sobre o S&P 500. Geram prêmios distribuídos mensalmente aos cotistas.
Essa híbrida permite entrega de renda consistente enquanto reduz exposição aos riscos típicos do mercado acionário tradicional.
Composição setorial
Diferentemente de fundos concentrados em tecnologia, o JEPI privilegia setores menos voláteis historicamente. Principais posições incluem Coca-Cola, AbbVie, UPS, PepsiCo e Progressive, contribuindo para performance mais estável.
Vantagens
Renda elevada com risco controlado: yield aproximado de 8% ao ano com beta estimado de apenas 0,56 em relação ao S&P 500
Alta liquidez e robustez operacional: maior ETF ativo de dividendos do mundo com mais de US$ 40 bilhões sob gestão
Possível vantagem tributária: parte dos rendimentos classificada como ganho de capital de longo prazo
Desvantagens
Participação limitada em altas fortes: sacrifica ganho potencial em mercados altistas
Gestão ativa complexa: estrutura com derivativos exige habilidade técnica; risco de underperformance
Taxa um pouco superior: 0,35% ao ano acima da maioria dos ETFs passivos
Caminhos práticos para investidores brasileiros
Existem diversas formas de um investidor brasileiro acessar esses fundos negociados em bolsa que distribuem dividendos mensais.
Corretoras internacionais
A abordagem mais direta é através de corretoras internacionais que oferecem acesso às bolsas dos EUA. Plataformas como Interactive Brokers, Nomad, Avenue, Stake e outras permitem ao investidor abrir conta em dólar, transferir recursos internacionalmente e comprar fundos como SPHD, JEPI ou SDIV diretamente.
Os dividendos distribuem-se em dólar automaticamente e podem ser reinvestidos ou convertidos. A vantagem é receber rendimentos líquidos em moeda forte, ideal para quem deseja proteger patrimônio e construir uma renda dolarizada.
BDRs na B3
Outra alternativa são os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de ETFs, certificados representando ativos estrangeiros. Atualmente, a oferta é limitada — IVVB11 (que replica o S&P 500) é um exemplo — e não há BDRs específicos de fundos que pagam dividendos mensais como aqueles listados nos EUA.
Adicionalmente, dividendos recebidos via BDRs podem sofrer maior tributação e demora na distribuição, reduzindo eficiência para quem busca renda passiva em dólar.
Complementando com operações ativas
Enquanto os fundos negociados em bolsa focados em dividendos mensais são ideais para renda passiva, muitos investidores complementam com abordagens mais ativas. Operações com derivativos em plataformas especializadas oferecem a possibilidade de especular sobre valorização ou desvalorização de ativos sem possuí-los, ampliando oportunidades de ganho.
Essa modalidade permite lucrar tanto em altas quanto em quedas do mercado, com suporte de alavancagem financeira que amplifica ganhos (e também riscos). Combinada com investimentos em fundos que pagam dividendos, essa estratégia dual pode gerar receita em dólar com maior frequência e agilidade.
Conclusão: Estruturando uma renda em dólar
Para investidores brasileiros que buscam dolarizar rendimentos e construir uma renda passiva estável, os ETFs americanos que distribuem dividendos mensais representam uma via prática e acessível. A escolha entre SDIV, DIV, SPHD, PFF, QYLD ou JEPI depende do perfil de risco, objetivo de rendimento e horizonte de investimento de cada pessoa.
Seja priorizando diversificação global (SDIV), estabilidade defensiva (DIV, SPHD), ações preferenciais (PFF), estratégias de opções com alto yield (QYLD) ou gestão ativa com qualidade (JEPI), todas essas alternativas oferecem fluxo mensal de receita em moeda estrangeira.
O primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora internacional, estudar a composição e histórico de cada fundo, e iniciar com um aporte alinhado ao seu perfil de investidor. Com paciência e disciplina, é possível construir um patrimônio robusto e uma renda constante em dólar.
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Dividendos mensais em dólar: Uma análise dos 6 ETFs mais rentáveis para investidores brasileiros
Por que brasileiros estão olhando para renda passiva em dólar?
O interesse de investidores brasileiros por fontes de receita em moeda estrangeira cresceu significativamente nos últimos anos. Com a persistência de incertezas econômicas domésticas, taxas de juros elevadas e volatilidade cambial recorrente, muitos decidiram buscar alternativas para dolarizar parte de seus rendimentos e construir um patrimônio em moeda forte.
Nesse cenário, os fundos negociados em bolsa que distribuem proventos mensais se apresentam como uma solução prática e acessível. Diferentemente de montar uma carteira individual de ações internacionais — o que exigiria capital e conhecimento técnico — esses instrumentos permitem exposição ao mercado norte-americano com custo reduzido e gestão automatizada.
Para o investidor brasileiro que deseja estabelecer um fluxo constante de entradas em dólar, compreender o funcionamento desses fundos e conhecer as principais opções disponíveis é o primeiro passo para estruturar uma estratégia sólida de longo prazo.
Como funcionam os ETFs que distribuem dividendos mensais
Os fundos negociados em bolsa focados em proventos reúnem uma seleção de ativos com histórico comprovado de distribuição regular de lucros. O grande diferencial está na frequência: esses fundos repassam dividendos todos os meses, garantindo um fluxo previsível de renda.
Em lugar de comprar diversas ações americanas individualmente — uma tarefa cara e trabalhosa — o investidor adquire cotas de um único fundo e acessa imediatamente uma carteira diversificada com pagamentos automatizados. Os rendimentos são depositados em dólares na conta da corretora e podem ser reinvestidos ou convertidos conforme o objetivo pessoal.
Esses fundos típicamente concentram empresas com fluxo de caixa robusto, setores defensivos (energia, telecomunicações, imóveis) ou ativos que priorizam retorno de lucros aos acionistas, como REITs. O resultado é uma fonte de renda que continua gerando receita mesmo em períodos de incerteza ou queda nos mercados — um atributo valioso para quem constrói patrimônio de forma gradual.
6 ETFs americanos para construir renda em dólar com pagamentos mensais
Abaixo estão seis dos fundos mais populares entre investidores que buscam transformar seus aportes em uma fonte consistente de receita mensal em moeda estrangeira.
1. Global X SuperDividend ETF (SDIV) — Diversificação global com alto rendimento
Se o interesse é garantir renda recorrente com exposição ampla a múltiplas regiões, o SDIV é uma opção relevante. Gerenciado pela Global X desde 2011, este fundo investe em ações de empresas com altíssimo índice de distribuição de lucros ao redor do globo, oferecendo pagamentos mensais estáveis há mais de uma década e meia.
O fundo replica o índice Solactive Global SuperDividend Index, que seleciona 100 ações internacionais com os maiores dividendos combinados com volatilidade moderada. A ponderação de cada ação é equilibrada de forma igualitária, evitando concentração em poucos emissores ou regiões específicas.
Indicadores principais (dezembro/2025)
Alocação geográfica e setorial
A carteira diversifica-se entre:
Pontos a favor
Limitações
2. Global X SuperDividend U.S. ETF (DIV) — Foco exclusivo no mercado americano
Entre os fundos para renda em dólar focados apenas em ações dos Estados Unidos, o DIV destaca-se por propor um equilíbrio entre rendimento elevado e flutuação reduzida. Oferece uma abordagem estratégica para quem busca estabilidade sem comprometer o fluxo de caixa.
O fundo segue o índice Indxx SuperDividend U.S. Low Volatility, que identifica 50 ações americanas com os maiores índices de distribuição desde que apresentem flutuação histórica reduzida comparada ao S&P 500. Essa combinação visa assegurar receita constante mesmo em períodos turbulentos, privilegiando setores defensivos.
Indicadores principais (dezembro/2025)
Composição setorial
O perfil é nitidamente defensivo:
Essa configuração reduz exposição a setores de maior volatilidade como tecnologia ou varejo com crescimento acelerado.
Vantagens
Desvantagens
3. Invesco S&P 500 High Dividend Low Volatility ETF (SPHD) — Equilíbrio entre renda e proteção
Para investidores que desejam renda associada a uma carteira mais estável, o SPHD oferece uma combinação interessante. Agrupa ações do S&P 500 que distribuem lucros elevados com flutuação histórica reduzida, criando um balanço entre geração de receita e proteção contra oscilações acentuadas.
Lançado em 2012, o fundo replica o índice S&P 500 Low Volatility High Dividend Index, selecionando 50 empresas do S&P 500 com os maiores índices de distribuição e menores variações de preço. A metodologia restringe exposição a setores específicos com um teto de 25% por setor, promovendo diversificação.
Indicadores principais (novembro/2025)
Estratégia e filosofia
O SPHD segue uma metodologia de smart beta, reavaliar sua composição semestralmente (janeiro e julho) para manter o equilíbrio desejado. A carteira inclui nomes como Pfizer, Verizon, Altria e Consolidated Edison — companhias maduras com fluxo de caixa previsível e histórico confiável de distribuição.
Vantagens
Desvantagens
4. iShares Preferred and Income Securities ETF (PFF) — Ações preferenciais como alternativa
Entre os fundos que oferecem renda em dólar com pagamentos mensais, o PFF sobressai por investir em uma classe específica: ações preferenciais. Lançado em 2007 pela iShares (BlackRock), é referência para quem busca pagamentos regulares e estáveis com perfil mais defensivo que ações ordinárias.
As ações preferenciais ocupam posição intermediária entre títulos de patrimônio e dívida: distribuem proventos fixos regularmente (geralmente mensais) e apresentam volatilidade inferior a ações comuns, embora com sensibilidade maior a variações nas taxas de juros.
Indicadores principais (novembro/2025)
Composição e estratégia
O PFF replica o índice ICE Exchange-Listed Preferred & Hybrid Securities Index, reunindo mais de 450 ativos — predominantemente ações preferenciais emitidas por grandes instituições financeiras norte-americanas. Setores mais representativos:
A forte presença de bancos como JPMorgan, Bank of America e Wells Fargo reflete o fato dessas instituições emitirem ações preferenciais com frequência para captar capital de forma mais eficiente. A estratégia é passiva, com reequilíbrio periódico e diversificação ampla.
Vantagens
Desvantagens
5. Global X NASDAQ-100 Covered Call ETF (QYLD) — Estratégia de opções para renda elevada
Para quem procura renda em dólar com regularidade mensal e retorno acima da média, o QYLD é uma das opções mais conhecidas. Este fundo implementa uma estratégia baseada na venda coberta de opções sobre o índice Nasdaq-100, gerando dividendos mensais elevados em troca de limitar o potencial de valorização.
Indicadores principais (dezembro/2025)
Mecânica de funcionamento
O QYLD segue o Cboe Nasdaq-100 BuyWrite Index, executando mensalmente uma estratégia de “covered call”: compra todas as ações do índice Nasdaq-100 e simultaneamente vende opções de compra sobre o próprio índice. Os prêmios gerados são distribuídos integralmente aos cotistas. Essa dinâmica transforma volatilidade do mercado em fluxo de caixa constante.
Exposição setorial
Por replicar o Nasdaq-100, é majoritariamente exposto a tecnologia e inovação:
Principais posições incluem Apple, Microsoft, NVIDIA, Amazon e Meta.
Vantagens
Desvantagens
6. JPMorgan Equity Premium Income ETF (JEPI) — Qualidade com derivativos estruturados
Entre os fundos mais populares para renda em dólar com dividendos mensais, o JEPI destaca-se como alternativa de alta rentabilidade e risco controlado. Lançado em 2020 pela JPMorgan, atraiu bilhões de dólares rapidamente por combinar ações de qualidade com derivativos que geram receita recorrente.
Indicadores principais (outubro/2025)
Como funciona a estratégia
O JEPI combina duas abordagens para gerar receita com volatilidade controlada:
Seleção ativa de ações do S&P 500: Carteira com aproximadamente 100 a 150 títulos de valor e flutuação reduzida, priorizando setores defensivos como Saúde, Consumo Básico e Industrial.
Uso de instrumentos estruturados: São derivativos que replicam venda de opções tipo call sobre o S&P 500. Geram prêmios distribuídos mensalmente aos cotistas.
Essa híbrida permite entrega de renda consistente enquanto reduz exposição aos riscos típicos do mercado acionário tradicional.
Composição setorial
Diferentemente de fundos concentrados em tecnologia, o JEPI privilegia setores menos voláteis historicamente. Principais posições incluem Coca-Cola, AbbVie, UPS, PepsiCo e Progressive, contribuindo para performance mais estável.
Vantagens
Desvantagens
Caminhos práticos para investidores brasileiros
Existem diversas formas de um investidor brasileiro acessar esses fundos negociados em bolsa que distribuem dividendos mensais.
Corretoras internacionais
A abordagem mais direta é através de corretoras internacionais que oferecem acesso às bolsas dos EUA. Plataformas como Interactive Brokers, Nomad, Avenue, Stake e outras permitem ao investidor abrir conta em dólar, transferir recursos internacionalmente e comprar fundos como SPHD, JEPI ou SDIV diretamente.
Os dividendos distribuem-se em dólar automaticamente e podem ser reinvestidos ou convertidos. A vantagem é receber rendimentos líquidos em moeda forte, ideal para quem deseja proteger patrimônio e construir uma renda dolarizada.
BDRs na B3
Outra alternativa são os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de ETFs, certificados representando ativos estrangeiros. Atualmente, a oferta é limitada — IVVB11 (que replica o S&P 500) é um exemplo — e não há BDRs específicos de fundos que pagam dividendos mensais como aqueles listados nos EUA.
Adicionalmente, dividendos recebidos via BDRs podem sofrer maior tributação e demora na distribuição, reduzindo eficiência para quem busca renda passiva em dólar.
Complementando com operações ativas
Enquanto os fundos negociados em bolsa focados em dividendos mensais são ideais para renda passiva, muitos investidores complementam com abordagens mais ativas. Operações com derivativos em plataformas especializadas oferecem a possibilidade de especular sobre valorização ou desvalorização de ativos sem possuí-los, ampliando oportunidades de ganho.
Essa modalidade permite lucrar tanto em altas quanto em quedas do mercado, com suporte de alavancagem financeira que amplifica ganhos (e também riscos). Combinada com investimentos em fundos que pagam dividendos, essa estratégia dual pode gerar receita em dólar com maior frequência e agilidade.
Conclusão: Estruturando uma renda em dólar
Para investidores brasileiros que buscam dolarizar rendimentos e construir uma renda passiva estável, os ETFs americanos que distribuem dividendos mensais representam uma via prática e acessível. A escolha entre SDIV, DIV, SPHD, PFF, QYLD ou JEPI depende do perfil de risco, objetivo de rendimento e horizonte de investimento de cada pessoa.
Seja priorizando diversificação global (SDIV), estabilidade defensiva (DIV, SPHD), ações preferenciais (PFF), estratégias de opções com alto yield (QYLD) ou gestão ativa com qualidade (JEPI), todas essas alternativas oferecem fluxo mensal de receita em moeda estrangeira.
O primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora internacional, estudar a composição e histórico de cada fundo, e iniciar com um aporte alinhado ao seu perfil de investidor. Com paciência e disciplina, é possível construir um patrimônio robusto e uma renda constante em dólar.