Em 2025, o setor da mineração de criptomoedas distingue-se claramente dos anos anteriores.
Em 2021, a China continental decretou uma proibição total sobre a mineração de criptomoedas, levando à deslocação massiva de equipamentos de mineração e redesenhando rapidamente a distribuição global do hash rate.
Em 2022, a Ethereum finalizou a migração do modelo Proof of Work (PoW) para Proof of Stake (PoS), marcando o fim da mineração tradicional por Proof of Work numa das maiores blockchains.
Em 2024, o halving do Bitcoin apertou a rentabilidade dos mineradores e reduziu as margens de lucro relativamente aos anos anteriores.
Num contexto de turbulência regulatória, tecnológica e de mercado, as empresas de mineração de criptomoedas correm para se reinventar e encontrar novas vias de sobrevivência e crescimento. Estão a atualizar o hardware ASIC para obter maior eficiência de hash rate; a renovar a marca e a expandir a atividade para passarem de mineradoras a fornecedores de infraestrutura digital, entrando nos mercados de IA e computação de elevado desempenho; a reforçar a captação de capital e a estabilidade dos rendimentos através de cotação em bolsa e derivados baseados em hash rate; e a mitigar a pressão energética com contratos de compra de energia (PPA) a longo prazo e adoção de tecnologias avançadas de refrigeração e operação. Paralelamente, os mining pools inovam na distribuição do hash rate, transparência nos pagamentos e oferta de derivados, promovendo a fidelização dos utilizadores perante a concorrência crescente.
Estas transformações permitiram mitigar riscos externos, mas mantêm-se inalterado um fator: o ambiente externo continua imprevisível. Mudanças regulatórias podem ocorrer de um dia para o outro, e tanto os preços da energia como os valores dos tokens são muito voláteis. Neste quadro, pode revelar-se prudente recentrar esforços na vertente interna e potenciar o crescimento operacional a partir de dentro. Reforçar os controlos financeiros e contabilísticos internos—juntamente com uma melhoria da conformidade e transparência—pode permitir às empresas e pools de mineração criar uma vantagem competitiva sustentável, consolidar as operações atuais e conquistar a confiança dos mercados de capitais a longo prazo.
No contexto real, a maioria das empresas e mining pools de criptomoedas enfrenta dificuldades recorrentes de gestão financeira e contabilística, tais como:
Cálculos de lucro distorcidos: O hash rate gerado distribui-se por múltiplos pools e contas, enquanto custos como eletricidade, depreciação e operação estão dispersos por diferentes entidades—dificultando o apuramento detalhado. Como resultado, a rentabilidade aparente é enviesada e as margens bruta e líquida tornam-se ambíguas, prejudicando decisões empresariais fundamentadas.
Finanças transfronteiriças fragmentadas: Com o hash rate a migrar para América do Norte, Ásia Central, Médio Oriente e outras regiões, as diversas normas contabilísticas e registos descentralizados entre subsidiárias dificultam a consolidação. O processo é moroso e sujeito a incoerências, impedindo a administração de apresentar relatórios financeiros consistentes e credíveis a investidores ou reguladores.
Insuficiente integração entre operações e finanças: Em mining pools, os sistemas operacionais controlam a atribuição de hash rate e os pagamentos aos utilizadores, mas a contabilidade financeira recorre frequentemente a importações manuais ou folhas de cálculo. Estes atrasos e bloqueios de dados separam os ganhos reais registados em blockchain dos montantes reportados—fragilizando os controlos internos e a confiança externa.
Aumento da pressão de conformidade e auditoria: Regras fiscais mais exigentes impõem o registo completo e rastreável das transações. Ainda assim, muitas empresas de mineração de criptomoedas não dispõem de sistemas contabilísticos preparados para auditoria, dificultando a comprovação de titularidade de ativos e da estrutura de custos—colocando em causa a reputação e a capacidade de captação de financiamento perante reguladores ou investidores.
Desalinhamento da gestão face à estratégia: As empresas de mineração de criptomoedas tendem a privilegiar o aumento do hash rate e a negociação energética, relegando a gestão financeira para segundo plano. Assim, as equipas financeiras ficam sobrecarregadas com reconciliações e relatórios, não conseguindo apoiar iniciativas estratégicas ou fomentar transparência e credibilidade junto dos mercados de capitais.
Face à volatilidade externa, aumentar o hash rate ou diversificar linhas de negócio não assegura controlo às empresas e mining pools. Para resistir a ciclos imprevisíveis, as empresas de mineração de criptomoedas devem implementar sistemas de gestão financeira robustos, conformes e sustentáveis. Esta arquitetura baseia-se na autenticidade, atualidade e integridade dos dados financeiros—garantindo que a informação reflete fielmente o desempenho, reduz os riscos de conformidade e sustenta decisões confiáveis.
O primeiro passo consiste em assegurar total transparência na rentabilidade. A recolha e conciliação automatizada dos dados permite acompanhar o rendimento do hash rate e das receitas por transação, relacionando-os com custos operacionais como eletricidade e depreciação. Por esta via, as margens bruta e líquida decorrem de resultados verificáveis e não de estimativas genéricas, proporcionando à gestão uma base credível para decisões estratégicas. Caso os registos entre jurisdições, entidades e moedas não estejam totalmente integrados, a administração perde a visibilidade em tempo real da saúde financeira da empresa—fragilizando respostas a exigências de financiamento, auditoria e regulação.
Integrar operações e finanças é essencial para a eficiência. Se as operações dos mining pools—distribuição do hash rate, pagamentos aos utilizadores, movimentação de fundos—forem geridas manualmente, surgem atrasos e erros inevitáveis. A ligação em tempo real destas atividades aos dados financeiros reduz custos de reconciliação, reforça transparência e aumenta a confiança dos parceiros e dos mercados de capitais.
O incremento das exigências de conformidade e auditoria obriga as empresas a garantir uma cadeia de evidências totalmente rastreável—desde a transação inicial até ao relatório final. Qualquer falha representa um risco. Sistemas contabilísticos adaptados à auditoria permitem divulgação financeira robusta, inspeções fiscais e due diligence de investidores. No fim, a automatização liberta as equipas financeiras dos trabalhos repetitivos de reconciliação e relatórios, permitindo-lhes dedicar-se à criação de valor e transformar a área financeira num motor de crescimento.