Ações vs Direitos de Participação: Os dois conceitos mais confundidos pelos iniciantes em investimentos

Entrar no mundo dos investimentos, você vai perceber que é bombardeado por uma série de termos. Entre eles, os mais fáceis de cair em armadilhas são os conceitos de ação e participação. Parecem muito semelhantes, mas na verdade a diferença é enorme. Se não entender bem, pode acabar comprando o produto errado e tendo retornos bem menores.

Por que os investidores tendem a confundir ação e participação?

Na superfície, ambos parecem iguais — ambos representam uma prova de propriedade de uma empresa e podem gerar lucros. Mas essa é só a aparência; a lógica subjacente é completamente diferente.

A razão mais direta é: ações e participações, embora ambas representem uma parte da propriedade de uma empresa, as ações têm uma definição mais clara, enquanto a participação é mais flexível. Muitos investidores nem sabem exatamente qual deles estão comprando.

Entendendo a ação (Acción): você é o verdadeiro proprietário da empresa

Vamos começar pelas ações. Uma ação é dividir a propriedade de uma empresa em várias partes iguais, cada uma chamada de ação. Quando você compra uma ação, você se torna, legalmente, um proprietário parcial dessa empresa.

De acordo com a quantidade de ações que você possui, você será classificado em dois papéis:

Acionista de referência: possui ações suficientes para influenciar decisões da empresa de forma significativa.

Acionista minoritário: possui uma participação menor, difícil de influenciar a direção da companhia sozinho, mas, em grupo, sua força não deve ser subestimada.

Quatro direitos que as ações te conferem

Ao comprar ações, você consegue:

  1. Direito a dividendos — quando a empresa distribui lucros, você recebe proporcionalmente
  2. Direito de acesso à informação — pode consultar as finanças e operações da empresa
  3. Direito a votar em assembleias — tem voz e voto nas reuniões de acionistas
  4. Direito de preferência na subscrição — na emissão de novas ações ou títulos conversíveis, você tem prioridade na compra
  5. Direito de liquidação — em caso de falência, como proprietário, participa da distribuição dos ativos

Esses direitos são importantes porque você é, na prática, o proprietário da empresa, e não apenas um credor.

Quão fácil é negociar ações?

As ações podem ser negociadas em bolsas de valores como NYSE, LSE, Bolsa de Madri, entre outras. Assim que uma empresa decide abrir capital, suas ações entram no mercado público, e você pode comprar e vender facilmente.

Porém, há um detalhe que muitas vezes passa despercebido: nem todas as empresas são listadas. Na verdade, o número de empresas não listadas é muito maior do que as listadas. Mesmo uma mesma empresa listada pode não disponibilizar todas as suas ações para negociação, mantendo uma parte como ações próprias.

Como uma empresa faz suas ações entrarem no mercado?

A empresa pode adotar três formas:

Oferta Pública de Venda (OPV): a empresa não emite novas ações, apenas coloca no mercado ações existentes (total ou parcial) para venda.

Aumento de capital (OPS): a empresa emite novas ações para captar recursos.

Listagem direta (Listing): a empresa, sem emitir novas ações ou vender ações antigas, simplesmente se lista na bolsa para negociação direta.

Quais tipos de ações existem?

Nem todas as ações são iguais. Com base nos direitos, podem ser divididas em:

Ações ordinárias: o formato mais básico, com todos os direitos padrão (dividendo, voto, etc.).

Ações preferenciais: têm prioridade na distribuição de dividendos e na liquidação, mas não conferem direito a voto; o retorno depende do desempenho da empresa.

Ações sem direito a voto: iguais às ordinárias, exceto pelo fato de não poder votar.

Ações de recompra: a própria empresa e o acionista concordam previamente com condições de recompra; esse tipo de ação tem prazo limitado, não é para sempre.

Entendendo a participação (Participación): uma prova de propriedade diferente

Agora, vamos falar sobre a participação. À primeira vista, ela é parecida com a ação — também representa uma parte da propriedade de uma empresa após sua divisão. Mas apenas sociedades anônimas podem emitir ações, enquanto qualquer tipo de empresa pode emitir participações.

Características principais da participação

A participação possui três características marcantes:

  1. Direito a dividendos, sem direito a voto — você recebe parte dos lucros, mas não participa das decisões da empresa
  2. Não é negociada em mercado aberto — a participação só pode ser negociada de forma privada, sem mercado público
  3. Preço determinado pelos fundamentos da empresa — ao contrário das ações, cujo preço é definido pela oferta e procura, o valor da participação depende da situação financeira atual e das expectativas de receita futura da empresa

Quão difícil comprar ou vender uma participação?

Essa é a maior desvantagem da participação. As ações podem ser facilmente negociadas na bolsa, mas as participações não.

Você precisa encontrar diretamente um comprador ou vendedor, conhecendo quem está do outro lado da transação. Esse processo é demorado e pouco eficiente. Sem intermediários que facilitem a negociação, e sem um padrão de preço, a liquidez da participação é extremamente baixa — você pode querer vender, mas não consegue.

Acionista vs Participante: a diferença essencial de identidade

Embora ambos tenham uma parte da empresa, suas posições são completamente diferentes.

Acionista (Accionista): além de ser proprietário, é também responsável pelas decisões. Você possui a propriedade da empresa e pode participar da governança. Se a empresa tiver sucesso, você se beneficia; se falir, assume o risco. Você é uma parte interessada na empresa.

Participante (Partícipe): na essência, funciona mais como um credor do que como proprietário. Você tem direito a receber rendimentos em um prazo pré-estabelecido. Após o vencimento, recupera seu investimento e a relação termina. Sua ligação com a empresa é temporária e com prazo definido.

Uso de participação em fundos de investimento

Se você já investiu em fundos, vai perceber um fenômeno interessante: quando compra um fundo, na verdade está adquirindo uma participação no fundo, e não ações do fundo.

A lógica é a seguinte:

Um fundo é um conjunto de ativos formado por várias pessoas que investem em conjunto. Segundo a legislação espanhola, um fundo precisa de pelo menos 100 participantes e um capital mínimo de 3 milhões de euros. Ele é gerido por uma administradora que decide os investimentos, enquanto uma custodiante executa as operações e guarda os ativos.

A participação no fundo representa sua fatia no total dos ativos do fundo. O fundo agrega todos os ativos (ações, títulos, etc.) em um único patrimônio, que é dividido em várias participações, distribuídas aos investidores. Assim, cada investidor precisa de um investimento relativamente pequeno para, indiretamente, possuir uma carteira diversificada.

Ordem de pagamento em caso de inadimplência: o fator-chave do risco de investimento

Esse é um ponto que os iniciantes tendem a ignorar, mas que pode afetar diretamente seu dinheiro suado: a ordem de pagamento em caso de falência da empresa.

Na liquidação de uma empresa, a prioridade de pagamento é aproximadamente assim:

Primeiro: credores garantidos (exemplo: credores hipotecários) … (outros credores intermediários) Último: acionistas

O que isso significa? Os acionistas são sempre os últimos a receber. Se a empresa falir, seus ativos são usados primeiro para pagar dívidas, e só o que sobra vai para os acionistas. Muitas vezes, não sobra nada.

Esse ponto é especialmente importante para quem investe em ações de empresas de baixo valor ou com dificuldades financeiras. Se a empresa estiver em crise, seu investimento pode ir por água abaixo.

Semelhanças essenciais entre ações e participações

Apesar das diferenças, há pontos em comum:

Ambos representam uma divisão de propriedade — seja uma ação ou uma participação, ambos dividem o capital da empresa em partes iguais, cada uma representando um direito. Podem existir privilégios adicionais, mas, na essência, são semelhantes.

Podem ser acumulados — você pode comprar várias ações ou participações da mesma empresa, ou de empresas diferentes.

Não podem ser subdivididos — a menor unidade de negociação é uma ação ou uma participação, e elas não podem ser fracionadas. Cada uma deve pertencer a uma pessoa física ou jurídica.

Tabela comparativa completa entre ações e participações

Dimensão Ação Participação CFD de ações
Identidade do investidor Acionista Participante Trader
Papel na empresa Proprietário Credor
Prazo de posse Indeterminado Limitado (pré-estabelecido) Indeterminado
Direito a dividendos Sim Sim Sim
Direito a voto Sim Não Não
Participação em assembleia Sim Não Não
Direito de preferência na subscrição Sim Não Não
Direito de liquidação Sim Não Não
Forma de negociação Mercado formal eficiente Privada, limitada Mercado formal eficiente
Contraparte na negociação Anônimo (via mercado) Precisa identificar o outro lado Anônimo (via mercado)
Fatores que determinam o preço Oferta e procura do mercado Situação financeira e expectativas Segue o preço do ativo subjacente

Por que plataformas de negociação oferecem principalmente ações e não participações?

Se você negocia em plataformas de investimento, provavelmente acessa ações ou CFDs de ações, e raramente participações. Isso não é por acaso.

A liquidez das ações é alta — qualquer pessoa pode comprar ou vender a qualquer momento. Negociar participações é difícil — exige negociação privada, não adequado para plataformas. CFDs têm custos menores — com alavancagem flexível, risco controlado. CFDs são mais indicados para curto prazo — permitem operações de venda a descoberto, atendendo diferentes estilos de trading.

Claro que os CFDs têm limitações: ao comprar um CFD, você não se torna proprietário real da ação, não pode votar, participar de assembleias ou obter certos direitos especiais. Mas, para a maioria dos traders, o objetivo é ganhar dinheiro, e as duas formas principais de ganhar são: valorização do preço e dividendos, ambos possíveis via CFDs.

Dica final: entenda exatamente o que está investindo

A diferença entre ações e participações parece acadêmica, mas impacta bastante suas decisões de investimento.

Antes de investir, esclareça:

  • Você está comprando ações ou participações?
  • Está investindo na propriedade real de uma empresa ou em derivativos financeiros?
  • Quais direitos você tem, quais não tem?
  • Em caso de falência, quanto do seu dinheiro pode recuperar?

Só assim, você evitará armadilhas desnecessárias na sua jornada de investimento. Afinal, entender o que você está investindo é sempre a primeira lição.

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