Folheei alguns dados históricos do BTC e reparei num padrão bastante interessante — sempre que os detentores de longo prazo se rendem em massa, o preço da moeda tende a oscilar numa faixa elevada.

Nos ciclos anteriores, o padrão era bem claro: os investidores antigos vendiam com prejuízo e saíam, enquanto o saldo de BTC nas exchanges disparava. O que isto indica? Que os verdadeiros detentores de longo prazo estavam a vender no topo e a sair do mercado. Este sinal nunca falhou no passado; sempre que este grupo começava a vender em massa, o topo local do Bitcoin estava praticamente alcançado.

Mas neste ciclo, tudo está fora do guião. Apesar de os dados on-chain mostrarem que as moedas dos detentores de longo prazo estão a diminuir, o estranho é que o saldo das exchanges também está a cair em simultâneo. Isto não faz sentido — se não são os veteranos a vender, então quem é que está a deitar moedas cá para fora?

A explicação mais plausível é: os detentores de longo prazo nem mexeram, pelo contrário, são as exchanges que, devido à falta de pressão vendedora no mercado, estão a ter de usar o seu próprio stock para manter a liquidez. Por isso, na contabilidade parece que os detentores de longo prazo estão a sair, mas na verdade quem está a “sangrar” são as exchanges.

Pela experiência histórica, quando aparecem estes dados o BTC deveria subir, mas agora está a cair. Isso só deixa duas hipóteses:

Ou este modelo de dados, usado há mais de dez anos, deixou de funcionar completamente;
Ou estamos numa fase especial, semelhante à de 2021.

Olhando para 2021, depois da queda abrupta em março (312), também houve uma zona de alerta vermelho semelhante, e só em julho é que o mercado começou realmente a recuperar. Se estivermos a seguir o mesmo guião, agora pode ser mesmo o momento mais escuro antes da alvorada.